quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Lugar da Escuta Psicanalítica no Hospital Psiquiátrico.


O presente projeto justifica-se pela importância de possibilitar um ambiente de escuta ao paciente internado em um hospital psiquiátrico, que não mais pretende ocultar o discurso do sujeito internado nestas instituições. Essa escuta contribui com a instituição frente às novas propostas de atuação nos hospitais psiquiátricos, consolidando assim um auxilio para o tratamento da doença mental.

Na sua historicidade o Hospital Psiquiátrico era o local de recolhimento de certas pessoas. Prostitutas, deficientes, moradores de rua, loucos, adolescentes “desajustados”, eram recolhidos como se fossem animais, seguindo uma lógica social que recomendava segregação de todos que perturbassem a ordem pública.

Segundo Foucault (1978), referente à História da Loucura, ele coloca que durante a segunda metade do século XVIII, a desrazão, gradativamente vai perdendo espaço e a alienação ocupa, agora, o lugar como critério de distinção do louco ante a ordem social. Este percurso prático/discursivo tem na instituição da doença mental o objeto fundante do saber e prática psiquiátrica.

No mesmo livro, Foucault (1978) apresenta uma análise da loucura da Idade clássica até a segunda metade do séc. XIX, século que coincide com o início do Manicômio. Com o autor, podemos perceber que no princípio o louco participava de um grande grupo: Bêbados, idiotas, devassos, vagabundos, etc. A partir do séc. XVIII, principalmente devido aos aspectos econômicos, o louco passou a se distinguir em relação aos desse grupo. Era necessária mais mão-de-obra e, com isso, a pobreza devia não mais estar associada à loucura. Passou-se à substituição do internamento geral pelo específico. De acordo com Foucault, agora sim, fazia sentido o confinamento do louco, pois eles eram incapazes para o trabalho e perigosos para o restante da população.

O confinamento do louco não foi uma “idéia” médica, mas um processo gradativo que refletia uma nova percepção do indivíduo como ser social.

De acordo com Foucault (1978), foi com a entrada de Pinel no asilo que a ordem médica se apoderou de um saber sobre a loucura. Daí a famosa frase “se Pinel libertou o louco da desumanidade de suas correntes, acorrentou ao louco o homem e sua verdade” (FOUCAULT, 1999, P.466).

A psiquiatria nasceu, portanto, depois do asilo e veio com a missão de disciplinar, classificar, humanizar e curar o louco. O médico passou a ser responsável pela internação e a encarnar a autoridade mais importante no interior do asilo.
A presença da escuta psicanalítica no hospital psiquiátrico torna-se necessária na medida em que o discurso médico não pode sustentar a escuta na dimensão emocional que habita o sujeito.

Nenhum comentário: